sábado, 23 de outubro de 2010

O GOSTO DE UM BOM VINHO


          Nunca gostei de vinho. Pode parecer um sacrilégio, mas sempre preferi um suco, um chá gelado ou quente mesmo (amo chá), a bebidas alcoólicas. Não há nenhuma razão especial do tipo saúde, religião nem nada disso. Apenas posso dizer que meu paladar é um tanto infantil. Na visita que fizemos a vinícula Concha y Toro, no Chile, enquanto todos tentavam decifrar o aroma de alguma fruta mais cítrica em cada vinho, eu so conseguia pensar em Carvalho, madeira carvalho. 
          Não gostava muito de assumir isso, pois as pessoas sempre me olhavam com um espanto só. Além disso, sempre quis poder dizer: "Vou fazer um Quejos e Vinhos lá em casa, apareça lá!" Ou: "Obrigada, mas esta noite não vou sair, vou ficar tomando um vinhozinho com meu amado". Não que a festa do Queijos e Todinhos não fizesse muito sucesso, ou que tomar um chá quentinho em casa também não fosse romantico, mas é que vinho não é apenas uma bebida. Vinho é uma cultura,  um hábito e até um estilo de vida para algumas pessoas.
          Este é o caso de uma amiga, Lis Cereja, dona da Enoteca Saint Vin Saint, que fica na Vila Olimpia, em São Paulo. A conheci por intermédio de outra grande amiga, Helena, e a partir daí, a maioria dos encontros entre amigas aconteciam lá, sempre regados a muito vinho, claro. E foi assim, que com a taça sempre cheia, comecei a passar meus maiores vexames por não entender nem gostar de vinhos.
          Certa vez, sentada à mesa com outros amigo da Lis, todos entendedores do assunto, foi aberto um Louis Jadot Bourgogne, de 1983. Na mesma hora, todos eles passaram a enfiar suas narinas dentro das taças e só com o aroma inalado, pareciam sentir verdadeiros orgasmos. Com todo aquele ritual de culto ao rótulo aberto, não consegui me conter, e tudo que consegui fazer foi rir, morrer de rir depois de provar e sentir um sabor único de....podre! Tive que falar isso em voz alta, já que não lembrei de nenhuma piada ao ter que explicar o motivo das lagrimas escorrerem dos meus olhos. Não preciso dizer qual foi a aceitação do comentário.
          Da próxima vez, em respeito aos presentes, me mantive com a boca cheia e decidi não provar do Jean León, safra de 1979, aberto no dia da Paeja, assim, consegui não falar nenhuma bobagem. O ritual foi mais intenso desta vez, em virtude da idade do vinho. 
          Mas foi entre uma taça e outra, um italiano, um chileno e um frances, que comecei a me acostumar com o sabor. Passei a tomar com tanta frequência que em uma ocasião, depois de 2 encontros com as meninas na semana, fui fazer um exame e o diálogo com o medico foi o seguinte:
          - Voce bebe?
          - Não (resposta imediata). Apenas socialmente.
          - Quando foi a ultima vez que bebeu?
          - Ontem
          - E antes disso?
          - Ante-ontem.
          Silêncio.
          Já sinto prazer ao tomar vinho e há 2 semanas, Rodrigo e eu, abrimos oficialmente nossa primeira garrafa em casa para acompanhar o jantar. Mas é claro, que neste dia, ninguém me chamou pra sair.
Saúde!

6 comentários:

  1. aaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhh ameeeeeeeeeeeeeiiiiiiiiiiiii! Mas sou obrigada a dizer que o Pinot Noir da Borgonha, principalmente os mais velhos, tem sim um cheirinho de "podre". Ok, não é exatamente podre, mas existem vários aromas desse tipo de vinho que lembram a podridão. Folhas secas úmidas no bosque, humus, madeira apodrecida pela chuva... hahaha

    Conclusão: SEU NARIZ É ÓTIMO!!!!
    beijoooo!!!

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  2. Rs. Logo poderemos voltar ao Chile. Quem sabe agora aquele vinho já tenha algum aroma que não o de "barrica"? Rs...

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  3. Ameiiiiiiiiiiiiiiiiiii .... quando iremos tomar uma tacinha de vinho novamente no Saint Vin Saint ??? Saudades da Lis ... Lembrando que sempre temos como opção os sucos de uvas phníssimosssss !!! Beijoss Lena

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  4. A história sobre eu gostar pouco de suco de uva bem que dá um outro post!

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  5. Bebo socialmente!

    A frase mais escutada pelos médicos do mundo todo (quase todo, aposto que no Irã o problema é Narguilé).

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  6. Ai que tudo! Não sei decifrar os cheiros, mas acho todos "cheirosíssimos"... Ás vezes só pelo cheiro já sinto o vinho na garganta mas convenhamos, talvez o melhor do vinho seja a trilha sonora que sempre o acompanha, as vozes, o silêncio e os detalhes todos! Tipo: poesia. Até quem não gosta se sente tocado pela fração do momento... ops ainda não bebi hoje!!

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