Se por um lado o cinema tem recordes de bilheterias, investimentos altíssimos a cada filme, por outro, o teatro vai de mal a pior. Na ultima sexta-feira, fomos assistir à peça Os Miseráveis no teatro Ipanema, no Rio de Janeiro. Recebi uma promoção com o ingresso a 20 reais ( o preço comum era 50 reais) e comprei imediatamente. Fiquei tão animada que na hora não percebi que não se tratava de Les Misérables, de Victor Hugo.
Pois bem, a peça faz alusão ao último ensaio geral para o grande espetáculo estreado em 1960, que retrata a miséria vivida pela França do século XIX, entre motins e batalhas. Jean Valjean, o personagem principal, fica preso 19 anos por roubar “um simples pedaço de pão”. Passa o resto de sua vida sendo perseguido por Javert, um inspetor de policia, que no fim, passa por um conflito interior entre exercer sua função e ser justo e humano com Jean Valjean. Na minha opinião, Javert rouba completamente a cena, talvez por este conflito ser bem atual. Quem nunca passou por esta crise no trabalho?
Les Misérables já foi peça, livro, filme, musical da Broadway, com direito à toda a superprodução característica. Já Os Miseráveis, adaptada pelo francês Guy Laforet, com bem menos recursos, foi uma grande sacada, ao mostrar o ensaio e não a peça em si. Uma voz oculta (que deixa de ser oculta quando sabemos que é de Claudio Gonzaga), faz o papel de diretor que entre um dialogo e outro, justifica a falta de figurino, maquiagem e apetrechos do cenário. Em alguns momentos, os atores contracenam de jeans e camiseta preta, que apesar de bem básica, também não é conhecida por ser a vestimenta dos franceses dos anos 60.
A peça já esteve no Brasil há 10 anos atrás e foi assistida por 10mil pessoas. Mas nesta sexta, apesar de estar em cartaz desde setembro, a sala não encheu, mesmo estando em horário nobre, num bairro nobre do Rio. Não me admiraria se os 35 atores me contassem que por vezes fazem a peça sem ganhar um tostão.
E eu que fui assistir por um bentô, uma simples bandeja de bentô!
ResponderExcluirValeu os 20.